terça-feira, 9 de setembro de 2014

3º dia - Zubiri a Pamplona

22 Km de caminhada.

Mais um dia para acordar cedo. O pior foi ter de ir a casa de banho do outro lado do pátio da escola. Acordar as 5h30 da manhã é sinal que está muitoooo frio. Mas levei logo as coisas para a cozinha, para não ter de entrar e sair do quarto. Para mim é fundamental garantir que os outros peregrinos não sejam incomodados quando eu acordo cedo. Aquele abre zipper, fecha zipper, abre velcro, fecha velcro. Lanternas a bombar que mais parece uma discotecas, são lamentáveis. E uma falta de respeito para quem tenta recuperar de uma caminhada. Assim de noite, antes de dormir, deixo tudo dentro da mala, mesmo que não esteja totalmente arrumada. De manhã levanto-me e levo tudo para a área comum, onde calmamente tiro o que necessito para a casa de banho,para o pequeno-almoço e deixo o possível arrumado. Assim, depois das rotinas matinais, do pequeno-almoço com saquetas de Cappuccino e pão do dia anterior com o resto da marmelada e o aquecimento habitual lá partimos caminho fora. O dia estava de nevoeiro e é divinal apreciar cada momento que a natureza nos propicia. Ainda mais fazê-lo com o Bruno. Acho que torna tudo ainda mais emocionante.


O orvalho nas folhas, o nevoeiro a levantar e a fazer vislumbrar o contraste de cores com o sol é de cortar a respiração. A primeira paragem é Larrasoaña, logo a 5km de Zubiri, mas hoje, por termos chegado bem cedo, continuámos mais um pouco até Trinidade de Arre. Uma localidade pequena. Tem alguns albergues privados e um café/mercearia, onde parámos para o café con leche (que não dispenso) e para nos abastecer de Pão e massa e polpa de tomate (é o prato mais cozinhado por mim no caminho) para fazer em Pamplona. O Bruno, tinha sido avisado pela Andreia que no caminho só era isto. E ele apenas estava habituado às nossas caminhadas de preparação (em Sintra), onde cada um ia jantar a casa.

Segundo a dona do café era dia de festa em Pamplona e provavelmente estaria tudo fechado. E lá fomos nós com mais 1kg, cada um, na mochila de comida para fazer ao jantar.


O dia e o caminho foi fácil. O tempo estava fresco, o caminho tinha poucas subidas e o caminho até Pamplona foi quase todo feito por entre vegetação densa que corria junto a um rio. Até agora a parte mais bonita do caminho. Parámos só por volta das 12h numa clareira para comer uma sandes de omelete (feita de manhã). O Bruno aproveitou para me fotografar. Mas no caminho, tenho sempre um ar tão masculino... ai... fiz um esforço... :p claro que coloquei defeitos. Acho que quanto mais gosto da pessoa, mais me torno exigente.


Logo continuamos, pelo mesmo caminho junto ao rio, até à chegada a Pamplona que foi rápida. Na chegada a Pamplona optámos por ficar logo no Refúgio Padreborn, logo à entrada da cidade, mas por só ter  24 camas, estas foram rapidamente ocupadas e... já cansados arrastámo-nos até ao centro da cidade de Pamplona.

Já estava um pouco irritada por ter que andar mais um pouco. Mas calei-me. Já sabia que mais valia controlar-me. O Bruno, teria muitos dias para me aturar. E ainda era só o 3º dia. Chegámos ao de Jesus e Maria e o melhor!... ERA TUDO PONTES! Eu já disse que tenho vertigens? E é que não são poucas. Aquele albergue é construído num antigo seminário, e como tal, tem um pé-alto que foi aproveitado para 2 pisos. O medo fez-me desatar a chorar... ter que dormir num 2º piso, e atravessar "pontes envidraçadas" foi de mais... o cansaço apoderou-se de mim e o choro também. O Bruno abraçou-me. Sabia do meu medo e tentou acalmar-me. Foi sem dúvida reconfortante e fi-lo prometer que ia comigo para todo o lado daquele albergue.

Só mesmo alguém muito próximo para compreender este meu medo.

No meio desta minha dificuldade, tomámos banho, tentámos secar a roupa numa máquina de secar (pois estava a chover)... e para não ter de sair do meu cantinho, o Bruno ia sempre ver da máquina. O meu coração sorria por cada vez que ele me tentava acalentar. Fomos fazer o jantar cedo =D massa com tomate e por estarmos em Pamplona aproveitámos para ir um típico bar espanhol para uma cerveja (o meu parceiro de viagem, eu, claro, um Aquarios para repor os electrólitos. Ainda fomos a correr para o Albergue, para além de estar quase a fechar... estava a chover... entrámos no albergue e subimos ao temível 2º piso. O Bruno abraçou-me ao chegar ao beliche. Pedi-lhe para me fazer companhia até adormecer anuiu e num reconfortante beijo disse-me: queres namorar comigo? O meu coração começou aos pulos. SIM, CLARO QUE SIM. Já o desejava há muito e foi preciso estes Km para começar a viver um bonito romance. Posei o meu rosto em seu peito e ali fiquei até adormecer...

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