quinta-feira, 11 de setembro de 2014

4º Dia - Pamplona a Puente de La Reina

24 Km de Caminhada.

4º dia começou com o ritual habitual, mas desta vez com enorme sorriso nos lábios. Acho que não é difícil tentar adivinhar porquê. Lavar a cara, os dentes, e prepara os pés para mais uns quantos Km diários. Normalmente os meus pés incham com o calor e a caminhada constante. Particularmente o 4º e o 5º dedo dos pés. Após uma consulta com um ortopedista, compreendi que faço microfracturas nos dedos. Ou seja, com o peso da mochila e com os km consecutivos os ossos dos pés tendem a sofrer. [isto é muito comum em militares, por exemplo, durante os treinos de campo carregam muito peso e fazem muitos km]. Assim, fui buscar o meu conhecimento como enfermeira e ao imobilizá-los com um adesivo forte ao dedo lateral o peso fica mais distribuído. Assim, todos os dias antes de calçar os ténis: Adesivo!

Dedos com Tala
Para além disso há quem faça aplicação diária de vaselina dos pés (desta vez não apliquei, mas já cheguei a aplicar e o melhor é não colocar demais para que não fique sem respirar). E nos primeiros dias aplico pomada de Diclofenac nos pés, pernas e joelhos para diminuir as dores musculares e inflamação dos tendões. Após esta preparação e a rotina costumeira partimos para o 4º dia de caminhada. Devo dizer que estava um pouco nervosa. O pai do Bruno trabalha naquela zona e viria ter connosco assim que saíssemos do albergue. Só pensava: aiiiii Deus. Ainda ontem o Bruno me pediu em namoro, que vergonha. Mas, bom por algumas dificuldades de comunicação a situação acabou por não acontecer. Um certo alívio e um certo lamento. 


Catedral de Pamplona

Acabámos por sair de Pamplona cerca das 7h00... Antes da cidade começar a acordar. A esta hora só se vê peregrinos e uns quantos cafés que servem desayunos a peregrinos madrugadores.Nós só parámos em Cizur Minor, a 1ª localidade. Até lá foi sempre por dentro da cidade e pela estrada. Aqui aproveitámos para comprar alguns alimentos para o caminho (barritas de cereais, snickers e pão) e seguir sempre até ao Alto del Perdon. "donde se cruza el camino del viento con el de las estrellas".

Na subida pelo caminho conhecemos o Paco. Um Jovem dos seus 55 anos. Ele questionou-me o que me levava a fazer o caminho... claro que é uma resposta fácil, mas ao mesmo tempo complexa. A verdade é que há uma necessidade interna, maior que eu. Muitas coisas lógicas, outras emocionais, outras espirituais. Mas uma breve resposta pode ser o início: faz-me ter esperança no mundo, na humanidade!
 
´Paisagem de Campos entre Cizur Minor até ao Alto del Perdón



Este é o meu 6º caminho até Santiago e TUdo fará crer que não será o último. A conversa com o Paco fez-se por uns quantos Km.. Paco iniciara o caminho após ter vendido a empresa e este era o tempo que precisava para saber que rumo tomar. Sabia apenas onde ia iniciar, não tinha ideia de quando ia terminar, ou onde ia passar ou pernoitar, apenas ia até onde o corpo o deixasse seguir...O caminho permite isso, não interessa o objectivo, o final... "não interessa passar pelo caminho, o que importa é que o caminho passe por nós". Paco era muito agradável e com uma passada forte... mas com ritmos diferentes, por vezes temos de deixar ir... se for para nos reencontrar, o caminho dará conta. 
Lá seguimos até ao Alto do Perdon, deixando para trás Zaraquiegui e a sua fonte de água fresca. Aqui, no Alto del Perdón aproveitámos para parar e ficar fascinados com a vista para depois descer e continuar por campos de perder de vista. O silêncio dos campos deixam-me marcas de saudades sempre que me lembro deles. Saudades e sorrisos. 

Vista do Alto del Perdón

Seguimos até Uterga sempre pelo campo. E como gostei deste local. Imaginei logo um albergue. Eu & Bruno. Não pude deixar de sorrir quando me veio esta ideia. Mas bom, mais 7 Km e estávamos em Puente de La Reina. Ficámos no Refúgio dos Padres Reparadores. O preço era pouco, 3 euros. Apesar dos em quartos serem de 12 e de se puder cozinhar... bom... a água do banho não era fria... era gelada. Assim, após os alongamentos e um banho rápido saímos para comprar comida para o Jantar. Como chegámos bem antes das 16h tivemos de fazer "tempo", pois em Espanha ainda há Siesta e as tiendas só abrem a esta hora. Hoje jantámos cedo. Ainda tive a fazer massagens com diclofenac aos pés do Bruno que estavam bastante dolorosos. Para além de aliviar a dor e a inflamação, a massagem ajuda na drenagem dos pés. Antes de dormir há que colocar uma manta/almofada por baixo do colchão para que os pés no dia seguinte estejam como novos (ou quase).

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